terça-feira, 20 de dezembro de 2011
CONTO: O MUNDO DE SYLVIA
Samanta correu para dentro da casa desesperadamente. O vento lá fora estava gelado e impiedoso.
Tirou a mochila pesada das costas e a colocou no chão. Arrastou o pesado móvel e refez a barricada da porta.
- Quem é? - gritou uma voz tímida lá de cima.
- Sou eu! - Samanta tentou disfarçar ao máximo a ansiedade na voz.
Segurando o próprio pulso, foi para o banheiro, onde se trancou.
Não queria que Sylvia visse que ela havia se machucado. Pensou que a menina então se desesperaria e poderia quem sabe desistir de tudo.
Tirou o relógio de pulso, marcava 16:25.
Tirou a jaqueta com cuidado, e colocou-a dentro da banheira de cobre esmaltado. Tirou a blusa que havia se rasgado na manga, e analisou o machucado no braço.
Não era muito feio, uma mordida não muito profunda.
Limpou o ferimento, não saiu muito sangue. Chorou copiosamente, porém baixinho, ao tentar esterilizar a pequena mordida com um pouco de cloro que havia atrás da pia.
Samanta sentou-se sobre a tampa fechada da privada, segurando o braço com uma toalha enrolada sobre a mordida, e chorou copiosamente.
Sylvia bateu na porta:
- O que foi? Samanta?
- Eu estou bem! - Samanta respondeu emburrada.
- Você está chorando?
Mas é claro que ela estava chorando. Nos últimos dias, haviam feito muito isso. Choravam juntas ou cada qual em seu canto. Choraram quando parou de sair água limpa das torneiras. Choravam cada vez que voltavam de uma incursão à cidade para buscar mantimentos. Choravam cada vez que tinham que mudar de casa. Um dia, choraram e decidiram se matar quando souberam que não havia mais para onde ir, ou aonde se esconder, quando souberam que não havia mais na Terra qualquer lugar seguro e livre da infestação.
Mas não tiveram coragem de se matar quando encontraram Molly. Uma cachorrinha viralatas saudável que as seguiu pela cidade. Ela se tornou a razão de viver das meninas.
Procuraram pela cidade uma casa com quintal cercado só para poderem criar Molly. Para dar a ela um jardim onde correr e onde defecar em segurança. Acabou servindo para elas também.
Arrumaram armas e munição e passaram a fazer estoques, só para melhor protegerem Molly. Afinal, além de tudo, ela era um alarme muito útil contra invasores.
Samanta se levantou e se olhou no espelho. Fora a cara de choro, parecia que ainda estava bem. Observando melhor a mordida, constatou que fora bem superficial.
Mas, por via das dúvidas, e para não pegar Sylvia de surpresa, resolveu contar para ela. Sylvia era uma menina bastante insegura e indefesa. Mas nos últimos tempos mostrou-se bastante valente, até impiedosa, para uma criança de quatorze anos.
- Não... não parece muito grave... - Sylvia gaguejou, ao observar o ferimento no braço de Samanta.
- Não parece, mas precisamos estar preparadas, certo? - Samanta tentava parecer tranquila e segura. Mas a sua tentativa de sorriso acabou parecendo patética. Tentar sorrir com aquela cara triste e doente tornou a situação mais desesperadora. Sylvia começou a gritar:
- Mas como é que você conseguiu fazer isso!?!
Samanta se sentiu pequena diante do grito angustiado da irmã.
- Eu... é... era só uma criança! Eu achei que ela poderia estar bem... você sabe! Era só uma menininha! - Samanta tentava argumentar.
Sylvia lembrou-se da irmazinha que perderam. Não queria pensar muito no assunto. Correu para o quarto, esperou que Molly a seguisse, e se trancou.
Samanta foi deixada sozinha com seus pensamentos. Havia sido tola ao ir atrás da menininha no supermercado. Mas ela lhe lembrava tanto sua irmazinha Lola, que ela não resistiu. A menininha parecia bem. Estava com as roupas intactas e a pele alva, brilhante. Parecia nem ter notado sua presença, pois andava a esmo pelo mercado, com uma certa despreocupação. Quando Samanta a chamou, ela não se virou e veio cambaleando como os outros, gemendo com a boca torta e aquele olhar vazio. Ela apenas parou, talvez tivesse se assustado, e ficou ali estaqueada ao invés de correr ou fugir em desespero.
Samanta a tocou no ombro e só então pode ver os olhos vitrificados.
Sylvia estava no quarto, sentada contra a porta, com Molly no seu colo. A cachorrinha estava meio irrequieta, e olhava para a dona como se indagasse o que estava acontecendo. Sylvia a beijou na testa e observou por um momento aqueles olhinhos brilhantes e inocentes. A cachorrinha parecia estar ansiosa, talvez tanto ou mais do que ela.
Como Samanta podia ter sido tão burra, tão imprudente? Como ela teve coragem de arriscar tudo, arriscar deixá-la sozinha no mundo? Ela não havia prometido cuidar da irmã para sempre?
Para uma mulher de vinte e um anos, Samanta fora bastante ingenua. Ainda mais depois de tanto tempo aprendendo a se defender, a cada dia um novo truque, uma nova técnica, para poderem se manter vivas. Sylvia confiava a própria vida em Samanta. E agora a irmã havia posto tudo a perder.
Samanta levantou da mesa nauseada. Foi para o banheiro arrumar as coisas na banheira para colocar fogo, mas nem conseguiu pegar o álcool e correu vomitar na privada. Seu estomago começou a doer, uma dor pungente e lancinante, e ela vomitou novamente e novamente, e achou que logo o próprio estomago sairia pela boca.
Levantou e se olhou no espelho. Estava ficando pálida, e abaixo dos olhos começaram a se formar olheiras. Os olhos foram ficando avermelhados, devido à força que fazia para expulsar aquela dor horrível do estomago. Samanta tentou pegar o álcool no alto da prateleira do banheiro, mas ao visualizar o próprio braço, caiu sentada. A marca da mordida havia adquirido um aspecto horroroso em apenas alguns minutos. Ao redor de onde os dentinhos da menina haviam se afundado, a pele estava ficando escura e necrosada. As veias de seu braço estavam ficando azuladas por toda a extensão deste, e a pele adquiria uma coloração amarelada e cadavérica.
Samanta parecia já não ter muito controle sobre o próprio corpo. Estava començando a suar frio e as náuseas e tonturas ficavam cada vez mais fortes. Ficou por alguns minutos deitada no chão do banheiro em posição fetal, tentando conciliar as dores pelo corpo, o suor e os seus pensamentos confusos. Lembrou-se da primeira vez em que vira Sylvia atirar em alguém. A menina em um instante criou uma coragem que ela nunca havia visto, nem em si mesma. Pela primeira vez Sylvia havia salvado sua vida. E a determinação em seu olhar selvagem, depois daquele tiroteio, era algo assustador, embora Samanta tivesse gostado de se sentir protegida uma vez na vida.
Sempre fora ela a provedora e a protetora. Sempre ela determinava os próximos passos a serem dados. Sempre ela provia comida e segurança para ambas, e também para a cadelinha. E agora não tinha controle sobre as próprias mãos.
Mas precisava terminar o que havia começado. Era melhor queimar logo a roupa suja de sangue e da saliva da menininha do mercado, antes que infectasse o resto da casa. Jogou o álcool sobre as roupas, repingando um pouco em si mesma. Estava difícil ficar em pé ou controlar os movimentos. A vista estava embaçada, e as imagens até pareciam dançar ou tremer à sua frente. Apalpou os bolsos, e não encontrou o isqueiro.
Sylvia ouviu seu nome sendo chamado num lamento fantasmagórico. Olhou no relógio em cima da comoda. Eram 16:51. Desceu com cautela as escadas para o primeiro andar. Ouviu a voz pastosa de Samanta chamando pelo seu nome mais uma vez. Ela estava fazendo alguma coisa no banheiro. Sylvia se aproximou e encontrou a irmã apoiada com uma das mãos na pia e a outra na parede.
- O que você quer?
- Ishhhguero... - Samanta tentou balbuciar a palavra isqueiro.
Sylvia tomou um tremendo susto quando Samanta se virou para encará-la. O rosto da irmã já estava macilento, amarelado, cadavérico. Os olhos haviam afundado em duas olheiras, já não se podia ver a cor castanha da íris e as pupilas pareciam ter desaparecido. Da boca, escorria um sangue escuro e espesso. Ela se virou bruscamente para vomitar novamente na privada.
Sylvia virou lentamente e foi para a cozinha. Suas mãos tremiam incontrolavelmente enquanto ela procurava pelo isqueiro nas gavetas. Um turbilhão de pensamentos passava pela sua cabeça, parecia uma multidão gritando em seus ouvidos e a confundindo. Para piorar, Molly desceu as escadarias e estava latindo para Samanta, que encarava a cachorra de volta, toda apatetada tentando ficar de pé, resmungando algo como "cachorro idiota".
Sylvia encontrou o isqueiro e voltou para o banheiro, alcançando-o, ainda tremendo, para a irmã. Encarou Samanta, procurando por algum sinal de sanidade, ou de hostilidade. Samanta parecia ainda agir normalmente em relação a ela, apesar dos movimentos vacilantes, e do olhar cada vez mais paranóico, ou vazio. Sylvia gritou com a cadelinha para que parasse de latir, e esta correu para o quarto, com o rabinho entre as pernas.
Samanta tentou acender o fogo, jogando o isqueiro sobre as roupas encharcadas com álcool. Mas é lógico que o isqueiro apagou, e devido ao seu último esforço, ela caiu sentada, com a cabeça encostada na parede, as pernas em uma posição estranha e desconfortável, de costas para Sylvia.
Sylvia esperou por alguns segundos. Cutucou a irmã, mas esta não se mexeu ou respondeu. Sylvia seguiu devagar para a cozinha, pé ante pé, com passos vacilantes e inseguros. Parecia que cada passo dado martelava no fundo de seu pensamento, agora vazio de memórias, só esperando os segundos passarem, até que sua irmã acordasse. Ela tinha certeza de que Samanta acordaria.
Pegou a caixa de fósforos sobre a bancada, e o revólver carregado em cima da geladeira. Saiu da cozinha com o corpo meio retesado, na expectativa de encontrar Samanta em pé no corredor. Mas não havia nem sinal, ainda. Subiu as escadarias devagar, fechou a porta do quarto com a cadelinha dentro. Voltou ao banheiro, e Samanta já havia se levantado. Estava ainda de costas, balançando um pouco.
Sylvia chamou a irmã pelo nome. Samanta virou, com aquele olhar bestial, vazio. Soltou um guincho agudo, não humano. Sylvia puxou o gatilho, observou o corpo cair dentro da banheira, e acendeu o fósforo. Fechou a porta do banheiro, não queria ver o fogo e o resto de seu mundo arder. Foi para o quarto, onde estava a cadelinha, e puxou o gatilho novamente. Não sentiu tristeza, mas antes, um sentimento de dever cumprido invadiu o seu peito. Andou mecanicamente para a sala de jantar. Chorou convulsivamente sobre a mesa por alguns segundos. Olhou o relógio de parede, com seu tiquetaquear automático, o único sinal de vida dentro daquela casa. Eram 17:15. Puxou o gatilho.
MARIE JO CANTUARIA
CONTO: O APOCALIPSE SEGUNDO MARIA
- Oh meu Deus! Aonde foi todo mundo??
É o aniversário do meu filho e de repente todo mundo desapareceu da festa! Ele acabou de fazer cinco anos. Não consigo vê-lo, nem meu marido, meu pai ou minha mãe. Estou sozinha no salão de festas, devo ter desmaiado ou coisa assim pois sinto as costas geladas, como se tivesse ficado estirada no chão por bastante tempo.
Estávamos todos no clube e agora só restam papéis de presente e balões esvoaçando pelo salão.
Sinto que há algo de muito grave acontecendo. A música ainda toca, porque todos saíram desse jeito e me deixaram aqui? Um sentimento de desolação toma conta de mim, quase paralisando o meu corpo, era como se eu já soubesse o que estava acontecendo, apenas não me lembrava. Nem consigo entender porque estava no chão, sou cardíaca, mas nunca tive um desmaio na vida. Reúno todas as forças que posso e me levanto. Tem algo errado acontecendo, além do fato de todos terem desaparecido. Mas o que me desespera mais é não saber onde meu filho está.
Saio para fora e mal posso enxergar algo á minha frente. Um brilho dourado intenso toma conta de tudo e faz as vistas arderem. Tenho dificuldade em enxergar mas sigo em frente, de volta pra casa, prescrutando o chão avermelhado. Algumas pessoas correm feito loucas, outras entoam canticos evangelicos pela vizinhança, posso ouvir o som de carros batendo, acho que a luminosidade está deixando a todos muito confusos.
Subo o morro e chego em casa resfolegando. Não estou acostumada a correr, mas preciso encontrar o meu filho! Não há ninguém em casa. Chamo pelos seus nomes e ninguém responde. O vento morno sopra por todos os cantos da casa, fazendo o telhado assobiar de forma fantasmagórica. Com dificuldade encontro as chaves da motoneta. Coloco o capacete e sigo para o hospital como posso, deviando dos carros alucinados. As pessoas parecem sem rumo nas ruas, algumas param o carro e saem chorando, se ajoelham no chão e se desesperam. Não sei nem porque saíram de casa.
Vejo pessoas saqueando o supermercado. O sino da Igreja ressoa sem parar, devem ser os padres desesperados. Viro à direita ao lado da Igreja e subo o morro, pela estrada nova de terra batida, parecia-me mais seguro já que era bem pouco usada. Ao chegar no hospital, corro para a portaria. Não há ninguém. Entro no hospital e vejo várias famílias reunidas nas salas de pronto atendimento. Sigo para a ala infantil, e abro porta a porta, pergunto pelo meu filho. Ninguém sabe me dizer nada. Não consigo encontrar uma enfermeira ou médico sequer. Seguindo para o final da ala infantil, há uma porta grande que leva até um jardim. Lá fora, vejo a única enfermeira que encontro, sentada sobre o banco e fumando.
- Alguma criança de nome Ian deu entrada neste hospital a pouco?
- Não, ninguém mais deu entrada moça.
- Eu estou procurando meu filho, todo mundo desapareceu!
- Então você não está sabendo?
- Sabendo de que? - pergunto a ela.
Ela aponta com o dedo para o céu, e responde:
- As igrejas, menina. As igrejas são o único lugar seguro... E depois disso, volta a fumar o seu cigarro com o olhar perdido no horizonte.
Penso se ela também ficou louca como todo o resto do mundo.
Saio do hospital pela porta lateral e só então consigo ter a visão de quase toda a cidade, dourada e enevoada, dali do alto do morro. O brilho no céu é tão intenso que não me arrisco a erguer os olhos.
Corro de volta para a motoneta mas antes que eu consiga dar a partida, algo me atinge na cabeça e eu caio ao chão. Não sinto muita dor devido ao capacete mas a pancada foi forte. Antes que eu consiga dizer alguma coisa, uma pessoa me arranca o capacete da cabeça e rouba a minha moto. A luz que vem do céu quase me cega, deixando-me tonta por alguns segundos.
Eu me sento protegendo os olhos e levanto, seguindo rumo à Igreja católica no centro da cidade. Só consigo cambalear olhando para os próprios pés, naquele chão avermelhado. Parece tão quente, no entanto não sinto calor algum. Só angústia, e o meu coração que parece que vai explodir, estou fora de forma.
Quem sabe minha família esteja refugiada Quem sabe minha mãe tenha se refugiado lá com a minha família, já que conforme a enfermeira disse, é o único lugar seguro da cidade.
Algo me diz que posso estar certa. O mundo de repente ficou louco, a Igreja seria um bom lugar pra se esconder e pensar um pouco.
Sigo pela estrada de asfalto do outro lado do hospital, achando que seria mais seguro. Vejo pessoas ensandecidas cavando no cemitério ao lado. Alguém vem correndo em minha direção e me derruba no mato. Tenta arrancar a minha blusa e de repente está tentando abrir a minha calça. Não consigo ver quem é mas já estou em panico o suficiente para começar a tremer. Que ódio que sinto nesse momento, quando devo lutar, o medo me bloqueia e eu começo a tremer. Quem pensaria em estrupo numa hora dessas? Eu reúno as forças que tenho e antes que o idiota consiga abaixar as próprias calças, coloco as mãos ao redor de sua cabeça e aperto com as unhas do polegar em seus olhos. Ele fede a sujeira e cachaça. Urrando de dor, ele cai para o lado, e eu consigo levantar e chutá-lo com força nas partes íntimas. Minha vontade é de matá-lo. Pego um galho de árvore e quebro na cabeça do desgraçado. Não parei pra verificar se estava morto. Haviam pessoas se aproximando, gritando feito loucas ou cantando. Saio correndo, preciso encontrar o meu filho!
Ao chegar ao centro da cidade, tenho que transpor uma barreira de gente caída ao chão, chorando convulsivamente entre seus carros batidos. Uma procissão de loucos parte da frente da Igreja. Abro as portas laterais e o interior da Igreja está silencioso como um túmulo. Engraçado como sempre a preferi assim. Chamo pela minha mãe mas ninguém responde. Procuro pelas saletas, em uma das salas laterais tem um casal transando. Peço desculpas, mas eles não parecem ter me notado. Pareciam bem jovens também. Abro todas as outras portas e nada de encontrar a minha família.
Saindo pelas portas da frente da Igreja, sigo a procissão que canta sem parar. Tento visualizar a minha mãe, meu pai, marido e filho no meio deles, mas não consigo encontrar ninguém.
Entro em desespero. O cerco parece estar se fechando, eu só queria encontrar o meu filho! Quando a procissão passa diante do museu, eu desisto de procurar e entro naquele jardim antigo, sentando-me na escadaria em frente à porta. A casa antiga que abriga o museu parece tão silenciosa, acolhedora, que resolvo entrar.
Sento-me à mesa da antiga sala de jantar, e assisto à procissão seguir adiante pela janela quadriculada da lateral. É uma bela casa, pensei. Sempre gostava de visitar o museu, que tinha ainda a decoração da casa conforme ela fora a mais de sessenta anos. Sentia-me segura ali dentro, era como se já houvesse vivido ali, ou naquela mesma época. Fiquei assim refletindo, distraída, tentando não chorar...até que ouvi o meu nome:
- Maria?
Viro-me, surpresa, e vejo meu marido. Ele corre pra me abraçar:
- Pensamos que estivesse morta! - ele parecia estar chorando.
Eu o abraço de volta e não consigo pensar em mais nada:
- Mas o que está acontecendo afinal? - pergunto.
- Você não lembra? Achamos que tivesse enfartado ao ouvir que o mundo está para acabar.
Eu o encaro atonita e pergunto pelo nosso filho.
- Estão indo à Igreja agora, lá é mais seguro, mas foram pelo outro lado, para evitar a procissão.
- Por favor, vamos pra lá!
O tempo parecia esta acabando mesmo. Uma sensação de urgencia invadiu meu coração. Corremos para a Igreja pela estrada da ponte. Minha garganta já estava doendo de tanto correr, o coração parecia saltar pela boca.
A porta lateral parecia estar trancada, meu marido já a estava chutando desesperado quando o puxei pela mão e demos a volta para entrar pela porta da frente. Escancarei as portas gigantescas, deixando a luz dourada penetrar na Igreja. Meu marido seguiu atrás. Minha mãe e meu pai conduziam meu filho Ian até um banco em frente ao altar.
Ao me ver, meu filho gritou Mãe, e sorriu com aqueles dois olhos azuis e luminosos, correndo na minha direção com os braços abertos, como sempre fazia.
Ajoelhei-me e recebi o seu abraço, e um grande clarão iluminou tudo à nossa volta. Fiquei zonza por uns instantes. Segurei meu filho com força contra o meu corpo, sem ter coragem de abrir os olhos. Pude sentir minha mãe, meu pai e meu marido nos envolvendo em um abraço.
Por uns instantes, tudo ficou negro e silencioso. Achei que iria desmaiar de novo. Até que meu marido e meus pais se levantaram e eu senti uma brisa em meu rosto. Ao abrir os olhos, estávamos em um lugar muito diferente. Eu estava ajoelhada ainda, abraçando meu filho, mas sobre um gramado muito verde. O céu estava azul e brilhante, àrvores balançavam com o vento e pude ver meus irmãos vindo ao longe, de mãos dadas com suas esposas.
Meu filho apenas ergueu a cabecinha, olhou nos meus olhos e disse: Chegamos, mãe!
MARIE JO CANTUARIA
CONTO: AS SEMENTES
Isabela rolava a sementinha vermelha de um lado a outro da palma da mão, enquanto Rodrigo espiava pela janela.
Seus companheiros de viagem haviam desaparecido e a ansiedade só aumentava. Eram quatro casais ao todo, escondidos naquela casinha bucólica em um sítio à beira da rodovia.
Os raios de luz oriundos da lampada incandescente empoeirada ricocheteavam nas paredes mal rebocadas igualmente amareladas pela passagem dos anos, formando sombras e desenhos estranhos. Os móveis também estavam cobertos de pó, os estofados encardidos, algumas cortinas rasgadas, outras remendadas.
Provavelmente havia muitos anos que o ou a proprietária se fora e mais ninguém havia habitado aquela casa. Certamente a antiga dona tinha um gosto peculiar para as coisas. Tudo era antiquado, ou barroco, ou de feitio delicado. Flores, brocados, torneados, babados e rendas, entalhes, tudo parecia ter sido cuidadosamente calculado para dar um ar de requinte antiquado ao local.
A sementinha vermelha caiu ao chão enquanto Isabela analisava tudo isso, distraída.
Rodrigo deu a volta no sofá e foi até a porta dos fundos. Chamou por alguns nomes mas ninguém respondeu.
- É loucura sair daqui. - ele voltou e sentou-se no sofá. - Não tem pra onde fugir. Aqui pelo menos estamos mais seguros.
Isabela o encarou e suspirou. Não entendia porque estar dentro daquela casinha velha os tornaria diferentes dos outros, para estarem mais seguros.
- Quem é que vai vir aqui atrás da gente? - ele lançou a ela um olhar entre esperançoso e suplicante.
- Seria melhor então se apagássemos as luzes.
- Verdade... - Rodrigo correu apagar a luz da sala. Não fazia muita diferença àquela hora da tarde estar ou não com as luzes acesas.
Ouviram um barulho nos fundos da casa. Rodrigo e Isabela ficaram paralisados por instantes, até que Marcelo e Esmeralda apareceram sorrateiramente na sala, como se estivessem se escondendo de alguma coisa.
Isabela os reconheceu devido à luz esparsa do final da tarde, que penetrava timidamente através das cortinas pesadas e encardidas.
- Onde estão os outros? - Isabela perguntou ao casal recém-chegado, que ainda estava de mãos dadas.
- Fugiram, Emanuela e Thiago seguiram ao largo da rodovia. A Suzane e o Nivaldo brigaram e decidiram fugir pelo mato mesmo.
- Mas eles nem encontraram a sementinha vermelha...
- Encontraram sim, no momento em que pularam a cerca.
- Sério? - Isabela perguntou, surpresa. Rodrigo permanecia emudecido.
- Todo mundo vai encontrar mesmo, não tem escapatória! - Esmeralda desabou sobre o sofá, levantando uma discreta nuvem de poeira.
- E as mensagens... - quis saber Isabela, esperançosa.
- Não sabemos. - disse Marcelo.
- Provavelmente vão recebe-las pelo caminho.
- Droga... - Rodrigo sussurrou consigo mesmo. - Droga! - ele exclamou mais alto. - Vocês não veem o absurdo que é isso tudo? É simplesmente ridículo.
Isabela perdeu a paciencia e elevou o tom de voz:
- Você não está vendo que está acontecendo de verdade? - Ela gesticulava, nervosa. - Todo mundo está recebendo, quais provas você ainda quer pra acreditar que essa merda está realmente acontecendo????
As sementes, as mensagens, as mortes, tudo, tudo está acontecendo de verdade!!!!! Nós fomos avisados, fomos avisados e não demos ouvidos. Mas são muitas coincidencias Rodrigo, pelo amor de Deus!!!
- Mas isso é surreal, p*****!!!!!!!!!!! - gritou Rodrigo, praticamente cuspindo as palavras na cara de Isabela, saindo em seguida pelo corredor e pela porta dos fundos.
Isabela ficou observando ele ir embora. Já havia se recomposto após ouvir o grito do namorado, e agora o observava de maneira apática. Não foi atrás, pois sabia que ele não iria longe. Também não ficou magoada, pois não era do seu feitio se aborrecer por nada. Tinha plena consciencia de que ela mesma havia começado a gritar, despertando a ira do namorado. Mas ela podia muito bem compreender que ele estivesse mais estressado do que os outros dentro daquela casa. A semente vermelha com a qual ela brincava era dele.
Todos ficaram paralisados de repente ao ouvir o grande estrondo que vinha lá de fora. Se entreolharam por alguns instantes e Marcelo voltou correndo de lá de fora. Depois do primeiro estrondo veio mais outro, e mais outro. Pareciam coisas grandes e pesadas se quebrando.
Até que os vidros da janela estouraram devido a uma grande pressão que se seguiu a uma explosão, e todos se jogaram pelo chão.
Isabela correu para as cortinas, que agora estavam esvoaçando devido à ausencia dos vidros da janela, para espiar o que havia acontecido. Lá longe, na rodovia, havia fogo e sinais de uma grande confusão. Podia ouvir choro, lamentos, gritos. Ajoelhou-se para se acomodar e observar melhor. Seu joelho doeu, e ela se lembrou da sementinha de Rodrigo. Tirou o joelho de cima, e já não havia mais uma, porém duas sementinhas. Sem se alarmar demais, ou alarmar os outros, guardou as sementinhas no bolso.
- É um acidente... - Rodrigo quase murmurava, perplexo.
Esmeralda e Marcelo saíram correndo de mãos dadas, apavorados, sem nem dizer adeus, para os fundos da casa. Isabela e Rodrigo ficaram observando o fogo ardendo ao longe e a fumaça. Não fora um simples acidente, mas um engavetamento muito sério. Rodrigo, seguindo seus instintos, puxou Isabela pela mão e saíram pela porta da frente em direção à rodovia.
- Você tem certeza? - Isabela disse a ele, deixando-se levar pelo caminho.
Rodrigo não olhou para trás e nem respondeu. Foram se aproximando do acidente e constatando que o caos era maior do que imaginavam a cada passo dado. Havia carros pegando fogo devido a um caminhão de combustível que havia se metido no meio do engavetamento. Vidros e corpos quebrados por toda parte. Pessoas ensanguentadas chorando ou pedindo socorro.
Não havia meios de saber como tudo aquilo começou. Era apenas caos e morte, amontoados um por cima do outro. Rodrigo soltou da mão de Isabela e correu ajudar umas pessoas a saírem do carro destroçado. Isabela ficou parada olhando, estava paralisada, nunca havia visto nada igual àquilo. Não sabia se corria ajudar as pessoas ou se fugia dali. Na verdade não via motivos para ajudar ninguém, todos iriam morrer mesmo. Resolveu que iria ficar parada, assistindo ao terrível espetáculo, esperando.
Rodrigo a chamou pedindo para ajudá-lo a tirar uma pessoa que ficara presa no cinto de segurança. Ela parecia poder se mover, mas não conseguia soltar o cinto que ficou repuxado sem dar espaço para ela se desvencilhar. Parecia estar puxando Rodrigo para mais perto, tentando dizer alguma coisa a ele. Assim que Isabela deu o primeiro passo na direção de Rodrigo, viu-o ser atropelado e arremessado longe por um carro que vinha pelo lado esquerdo, em altíssima velocidade.
Aparentemente o motorista não havia percebido o engavetamento, e acabou juntando-se a ele. Com a violencia, o corpo de Rodrigo foi parar junto ao fogo da explosão. Nada de gritos, provavelmente ele morrera na hora, pensou Isabela. Ela nem teve tempo de esboçar reação ou emoção pela morte do namorado. Uma mulher sem uma das pernas veio rastejando em sua direção, e agarrou o seu tornozelo.
Isabela afastou-se instintivamente com o susto, mas ao ver a situação da mulher, acabou se aproximando para ajudá-la. A mulher agarrou-se a Isabela e colou os lábios em seus ouvidos. Isabela tentou se desvencilhar do estranho abraço mas não teve tempo. Apenas pode ouvir a mulher dizendo:
- Vinte e um de dezembro de dois mil e doze, às dezessete e quinze, uma explosão...
Isabela levantou-se depressa, largando o corpo já sem vida da mulher no chão. Tentou visualizar a hora no seu relógio de pulso, mas o fogo e a confusão ao redor a cegavam e confundiam. Correu alguns metros, aproximando-se perigosamente de alguns carros em chamas, com seus passageiros ainda dentro, queimando lentamente. Olhou ansiosa para o relógio de pulso. Marcava dezessete horas, quatorze minutos e cinquenta e oito segundos.
MARIE JO CANTUARIA
CONTO: OS OLHOS MAIS DOCES
Bom, já que o conto é meu, vou postar aqui pra vocês lerem.
Mais em: www.olivrodofimdomundo.com.br.
Leiam ao som de: http://www.youtube.com/watch?v=mTa8U0Wa0q8
OS OLHOS MAIS DOCES
Edmundo levantou-se do sofá após assistir à notícia na televisão:
- Agora faltam menos de sessenta minutos.
Ele começou a gargalhar até que sua risada se tornou insana, e então começou a chorar. Chorava e ria convulsivamente, até que se acalmou e ficou calado por uns instantes, sentindo-se ridículo. Olhou o sol de fim de tarde, arredando a cortina da janela com o dedo.
Mais pessoas faziam o mesmo, ou então saíam às ruas, chorando, gritando, descabelando. Edmundo deu um suspiro, trocou as chinelas desgastadas por um par de sapatos que ele quase nunca usava, e foi para a cozinha. Pegou uma garrafa de guaraná bem gelada, que ele adorava, e bebericou um pouco.
Depois, foi para o quintal, e soltou os dois cachorros para que corressem livres por aí. Os cães eram tão velhos quanto ele. Ficou observando como eles haviam mudado pouco ao longo dos anos, embora não se pudesse negar que estivessem velhos, com a coluna meio encolhida e a traseira abaixada.
- Parecem muito com o dono, pensou consigo.
Entrou de novo em casa, e observou a foto da falecida esposa, em um retrato que os dois haviam tirado quando festejaram suas bodas de ouro. Suspirou de saudades de Marta. Foi para o aparelho de som, e o ligou para ouvir um pouco de música. Pensou consigo que não havia mais muito o que fazer certo? Estava tocando uma linda música de Elton John, que sua esposa adorava. Qual era o nome mesmo? Ah, Your Song.
Enquanto a música tocava, Seo Edmundo resolveu folhear a Bíblia. Mas não conseguiu achar nenhum texto específico que lhe chamasse a atenção naquele momento. O Apocalipse em especial, já não lhe despertava a atenção ou curiosidade, quanto outrora. Tudo havia ficado diferente tão de repente.
Então, alguém bateu à porta. Era uma batida leve e sem cadencia. Seo Edmundo aguardou mais um pouco, até que aquela batida leve mas impaciente se repetiu. Seo Edmundo se levantou com certa dificuldade, pois ultimamente tudo se tornara mais difícil, e atendeu a porta. Era André, seu pequeno vizinho de quatro anos.
- Oi, tio... - André falou com sua voz doce e aguda de criança.
- Olá menino. - respondeu Seo Edmundo. - Quer um guaraná?
Seo Edmundo e o garoto foram para a cozinha, onde ele pegou mais uma garrafa de guaraná na geladeira. Desta vez, colocou um canudo, e a deu ao menino. O garoto sorriu e ficaram ambos tomando o refresco até que André pediu ao Seo Edmundo para levá-lo no parquinho. Deram as mãos, e saíram pelo portão para dar uma volta no quarteirão, coisa que invariavelmente faziam.
O guaraná do menino acabou, de modo que ele jogou a sua garrafa num terreno baldio. Seo Edmundo ralhou com ele, mas depois pediu desculpas, pois agora já não precisavam mais se preocupar com o mundo que iriam deixar para seus descendentes, como Seo Edmundo gostava sempre de pregar. Mas o menino ainda tinha sede, e assim foram dividindo a garrafa de guaraná de Seo Edmundo, até chegarem ao parquinho.
Encontraram os pais de André no caminho, chorando sentados na calçada. Eles nem notaram o próprio filho passando, de tanta pena de si mesmos.
Seo Edmundo sentou-se no banquinho e André correu para o escorregador. A doce música ainda tocava nos pensamentos de Seo Edmundo. André, como sempre, brincava entre todos os brinquedos, incansável.
De vez em quando chamava a atenção de Seo Edmundo, para que o visse escorregando de barriga pra baixo no escorregador, ou quando conseguia sentar-se na balança e se balançar sozinho. Seo Edmundo observava tudo paciente, e de vez em quando acenava para o pequeno vizinho, que tornara-se sua compania constante de uns tempos pra cá.
Seo Edmundo não tinha muito jeito com as crianças, mas gostava da compania do menino, ainda mais que se sentia muito sozinho, depois da morte da esposa. Os filhos raramente o visitavam, e André era o parceiro ideal para quebrar a monotonia daquela vida solitária que ele até o momento levara.
Ambos estavam tão entretidos no parquinho, um com o outro, com os brinquedos e com seus próprios pensamentos, que nem notavam o desespero que crescia ao redor deles. André brincava e fazia estripulias, e Seo Edmundo observava e ria, cantando baixinho a canção preferida da esposa.
Até que, nos versos finais, ficou pensando que realmente, havia se esquecido se os olhos de seu companheirinho, André, eram verdes ou azuis.
Seo Edmundo chamou o menino, para que este olhasse para ele:
- André!
O menino parou, e sorriu para Seo Edmundo. Neste mesmo instante, o mundo se apagou.
E os olhos mais doces que Seo Edmundo já havia visto foram as últimas imagens que teve desta vida.
MARIE JO CANTUARIA
Mais em: www.olivrodofimdomundo.com.br.
Leiam ao som de: http://www.youtube.com/watch?v=mTa8U0Wa0q8
OS OLHOS MAIS DOCES
Edmundo levantou-se do sofá após assistir à notícia na televisão:
- Agora faltam menos de sessenta minutos.
Ele começou a gargalhar até que sua risada se tornou insana, e então começou a chorar. Chorava e ria convulsivamente, até que se acalmou e ficou calado por uns instantes, sentindo-se ridículo. Olhou o sol de fim de tarde, arredando a cortina da janela com o dedo.
Mais pessoas faziam o mesmo, ou então saíam às ruas, chorando, gritando, descabelando. Edmundo deu um suspiro, trocou as chinelas desgastadas por um par de sapatos que ele quase nunca usava, e foi para a cozinha. Pegou uma garrafa de guaraná bem gelada, que ele adorava, e bebericou um pouco.
Depois, foi para o quintal, e soltou os dois cachorros para que corressem livres por aí. Os cães eram tão velhos quanto ele. Ficou observando como eles haviam mudado pouco ao longo dos anos, embora não se pudesse negar que estivessem velhos, com a coluna meio encolhida e a traseira abaixada.
- Parecem muito com o dono, pensou consigo.
Entrou de novo em casa, e observou a foto da falecida esposa, em um retrato que os dois haviam tirado quando festejaram suas bodas de ouro. Suspirou de saudades de Marta. Foi para o aparelho de som, e o ligou para ouvir um pouco de música. Pensou consigo que não havia mais muito o que fazer certo? Estava tocando uma linda música de Elton John, que sua esposa adorava. Qual era o nome mesmo? Ah, Your Song.
Enquanto a música tocava, Seo Edmundo resolveu folhear a Bíblia. Mas não conseguiu achar nenhum texto específico que lhe chamasse a atenção naquele momento. O Apocalipse em especial, já não lhe despertava a atenção ou curiosidade, quanto outrora. Tudo havia ficado diferente tão de repente.
Então, alguém bateu à porta. Era uma batida leve e sem cadencia. Seo Edmundo aguardou mais um pouco, até que aquela batida leve mas impaciente se repetiu. Seo Edmundo se levantou com certa dificuldade, pois ultimamente tudo se tornara mais difícil, e atendeu a porta. Era André, seu pequeno vizinho de quatro anos.
- Oi, tio... - André falou com sua voz doce e aguda de criança.
- Olá menino. - respondeu Seo Edmundo. - Quer um guaraná?
Seo Edmundo e o garoto foram para a cozinha, onde ele pegou mais uma garrafa de guaraná na geladeira. Desta vez, colocou um canudo, e a deu ao menino. O garoto sorriu e ficaram ambos tomando o refresco até que André pediu ao Seo Edmundo para levá-lo no parquinho. Deram as mãos, e saíram pelo portão para dar uma volta no quarteirão, coisa que invariavelmente faziam.
O guaraná do menino acabou, de modo que ele jogou a sua garrafa num terreno baldio. Seo Edmundo ralhou com ele, mas depois pediu desculpas, pois agora já não precisavam mais se preocupar com o mundo que iriam deixar para seus descendentes, como Seo Edmundo gostava sempre de pregar. Mas o menino ainda tinha sede, e assim foram dividindo a garrafa de guaraná de Seo Edmundo, até chegarem ao parquinho.
Encontraram os pais de André no caminho, chorando sentados na calçada. Eles nem notaram o próprio filho passando, de tanta pena de si mesmos.
Seo Edmundo sentou-se no banquinho e André correu para o escorregador. A doce música ainda tocava nos pensamentos de Seo Edmundo. André, como sempre, brincava entre todos os brinquedos, incansável.
De vez em quando chamava a atenção de Seo Edmundo, para que o visse escorregando de barriga pra baixo no escorregador, ou quando conseguia sentar-se na balança e se balançar sozinho. Seo Edmundo observava tudo paciente, e de vez em quando acenava para o pequeno vizinho, que tornara-se sua compania constante de uns tempos pra cá.
Seo Edmundo não tinha muito jeito com as crianças, mas gostava da compania do menino, ainda mais que se sentia muito sozinho, depois da morte da esposa. Os filhos raramente o visitavam, e André era o parceiro ideal para quebrar a monotonia daquela vida solitária que ele até o momento levara.
Ambos estavam tão entretidos no parquinho, um com o outro, com os brinquedos e com seus próprios pensamentos, que nem notavam o desespero que crescia ao redor deles. André brincava e fazia estripulias, e Seo Edmundo observava e ria, cantando baixinho a canção preferida da esposa.
Até que, nos versos finais, ficou pensando que realmente, havia se esquecido se os olhos de seu companheirinho, André, eram verdes ou azuis.
Seo Edmundo chamou o menino, para que este olhasse para ele:
- André!
O menino parou, e sorriu para Seo Edmundo. Neste mesmo instante, o mundo se apagou.
E os olhos mais doces que Seo Edmundo já havia visto foram as últimas imagens que teve desta vida.
MARIE JO CANTUARIA
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
DECORAÇÃO COM PAPEL CREPOM
Gente, sério!
Eu pago R$ 10,00 pra quem me ensinar a fazer essa tripa de mico (ou sei lá que nome tem) da foto acima!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Mais coisas legais em: http://donacharmosa.blogspot.com/2011/05/o-retorno-do-papel-crepom.html
Beijos,
Marie
CINTA ELEGANTE - FUNCIONA MESMO!!!!!!!!!!
AMIIIIIGAAAAA
Você que está com uns pneuzinhos (ãos) a mais, que quer modelar o corpo e tem meio que preguiça de fazer exercícios, eu tenho uma dica pra você:
LARGA MÃO DE SER PREGUIÇOSA E VAI FAZER EXERCÍCIOS!!!!!!!!!!!!!!!!
Essa dica vale pra mim também, fiquei muito triste essa semana quando experimentei tres calças jeans e nenhuma fechava na barriga. O caimento era perfeito no resto do corpo, mas quando chegava na barriga, até fechava mas ficava com aquela aparencia de uma bóia sendo apertada por uma corda, ou de um sapo-boi estrangulado, ou de um balão fugindo pra fora da calça, sei lá, mas você me entende né.
Então eu fui na loja e disse pra vendedora: espere que daqui uma semana eu volto.
Agora, todos os dias eu malho pelo menos meia hora na bicicletinha ergométrica, estou TENTANDO comer menos e estou usando a minha cinta modeladora pra apertar a barriga.
Chega no final do dia e estou cansada porque a minha cinta, que na verdade é um body, aperta mesmo e chega a repuxar todo o meu corpo, eu fico super cansada e com calor, é verdade, porque o tecido aperta tanto nas laterais, região frontal e traseira como repuxa meu corpo de cima pra baixo.
Mas é TÃO BOM chegar em casa e tirar esse treco do corpo que não lhe pertence e ver que a barriga que costuma inchar após um dia inteiro sentada trabalhando atrás do computador está mais lisa e muito menos inchada.
Gente, esses body funcionam mesmo!
Eu uso e recomendo pra quem quer diminuir a silhueta e parecer mais elegante com qualquer roupa. Não sei se melhora a circulação da área abdominal, mas o que sei é que pelo menos não deixa essa área inchar ou ficar caindo pra fora da calça pra quem é bem gordinha.
Eu como revendedora Avon, não posso deixar de recomendar que vocês dêem uma olhadinha no catálogo do Avon e considerem comprar, tem vários modelos, alguns com estampas lindíssimas que oferecem desde leve, até extra-forte compressão.
O modelo que eu uso é extra-forte e parecido com o da foto acima, mas sem as perninhas.
Tem alguns modelos na atual campanha 02, veja o folheto virtual: http://www.br.avon.com/PRSuite/eBrochure.page?index=2&cmpgnYrNr=201202
Ah, e a dica da bicicletinha tá valendo, eu tenho uma bicicleta ergométrica em casa, estou tentando fazer todos os dias. Coitada, nem ela aguenta com meu peso, fica só croc inhéc quando eu uso, mas como o meu médico disse, meu problema de obesidade e principalmente início de diabetes melhorará 50% se eu fizer exercícios, porque os exercícios queimam a gordura e o açúcar do sangue e transformam em energia!
Beijos amigas e se cuidem!
Marie
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
O LIVRO DO FIM DO MUNDO
GENTE, ACESSEM O SITE: http://www.olivrodofimdomundo.com.br/
E PROCUREM OS CONTOS COM OS QUAIS EU JÁ CONTRIBUÍ.
É UM PROJETO MUITO INTERESSANTE, DE REUNIR EM UM LIVRO VÁRIOS CONTOS COM A TEMÁTICA: O FIM DO MUNDO.
EU JÁ TENHO QUATRO CONTOS PUBLICADOS, QUER DIZER, TRES NÉ: "O APOCALIPSE SEGUNDO MARIA", "OS OLHOS MAIS DOCES" E "O MUNDO DE SYLVIA".
JÁ MANDEI AGORINHA MESMO O CONTO "A SEMENTE", E ESTÁ EM AVALIAÇÃO.
LEIAM MEUS CONTOS, DEIXEM COMENTÁRIOS E DE PREFERENCIA ME DEEM VÁRIAS ESTRELINHAS, QUERO IBOPE HEIN!
BEIJOS
MARIE
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